(5/8) EVOLUÇÃO E DESENVOLVIMENTO PESSOAL: MUDAR COM PEQUENOS PASSOS OU DAR UM GRANDE SALTO?
- psiantoniovieira
- 7 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de abr.

(5/8) MUDANÇA, SIM... MAS RESISTAMOS À OBSESSÃO PELA MUDANÇA!
Atualmente, em muitas organizações, a mudança tornou-se quase um mantra — algo que se espera constantemente dos colaboradores, como se fosse um sinal obrigatório de evolução e sucesso. Porém, nem sempre mudar por mudar é sinónimo de progresso. Como lembra Claire Aubé, há leis naturais da mudança que não podemos ignorar, e uma delas é simples: o futuro precisa do passado para se construir.
No mundo profissional, valoriza-se quem muda com frequência — de cargo, de cidade, de função. Ficar muito tempo no mesmo lugar pode ser visto como sinónimo de estagnação. A pressão para demonstrar flexibilidade é tanta que, numa avaliação de desempenho, dificilmente alguém ouvirá: "Continue a ser exatamente quem é." Há sempre uma sugestão de melhoria, de adaptação, de transformação.
Vivemos, de facto, numa era de aceleração. E embora a mudança sempre tenha feito parte da vida, hoje ela parece vir com um senso de urgência quase obsessivo. A psicanalista Catherine Blondel, no seu livro "Se os patrões soubessem... tudo o que mudou sem eles", afirma que esta ideologia da mudança reflete uma nova forma de relação com o tempo. Nicole Aubert chama-lhe "o culto da urgência" (2004), enquanto François Hartog descreve este fenómeno como "presentismo", ou seja, a glorificação do momento presente (2003).
O paradoxo é que, nas empresas, muitas vezes se pensa na mudança... para os outros. Multiplicam-se os programas de coaching, os planos estratégicos, as fusões, as reformulações. Jovens talentos são enviados por meio mundo em programas acelerados para se tornarem líderes num piscar de olhos. Mas, como no caso de um bom vinho, apressar o processo pode comprometer o resultado: alguns maturam melhor com tempo e calma.
E o que dizer daqueles que não são vistos como "altos potenciais"? Muitas vezes enfrentam planos sucessivos de mudança, novos modelos de gestão ou reorganizações constantes. Quando a mudança se torna crónica, instala-se o cansaço. A resistência natural à mudança não se combate anulando o passado — muito pelo contrário. Como diz Blondel, é justamente na memória individual e coletiva que estão os recursos necessários para mudar.
Referências:
Aubé, C. (2001). Limiar.
Aubert, N. (2004). Chamada de emergência. A sociedade doente do tempo. Flammarion.
Hartog, F. (2003). Regimes de historicidade: Presentismo e experiências do tempo. Seuil.
Blondel, C. (Data desconhecida). Se os patrões soubessem... tudo o que mudou sem eles.
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